As estrelas-do-mar têm simetria radiada e algumas delas podem ter um metro de diâmetro. Se um dos braços da estrela for cortado, pode-se desenvolver uma estrela nova.
…………………………………………………………………………………………….
1.
Era domingo num Mc Donalds da Floresta Negra, Hanz olhou para o seu filho, autista de elevado grau, a brincar com o boneco do Shreck que era a brinde do Happy Meal. Passavam uma semana no sul da Alemanha e iam depois visitar a Áustria. Iam num carro alugado. O menino comia o seu hambúrguer, sem nunca olhar para o pai. O pai foi lá fora fumar um cigarro, viu o filho do vidro a continuar a brincar, não adiantava dizer-lhe para vir, isso demoraria horas e no interior do Mc Donalds da Floresta Negra não estava ninguém a não ser os empregados. O pai abriu o mapa das estradas da Baviera, teriam de estar na Pensão antes da meia noite. Ainda eram cinco horas e já era noite. O pai acendeu outro cigarro e deichou-se estar por três horas a olhar pelo vidro, para o seu filho, que continuava a brincar com o boneco, como se só tivessem passado 3 minutos. O pai abriu a porta do carro, ligou a música numa emissora comercial e fumou cigarro após cigarro até às 23h15. Depois foi chamar o menino. Seguiram pelas estradas cheias de curvas da Baviera, até à pensão. No outro dia iam ver o castelo de Neuchvenstein, cuja reprodução já haviam visto na Disney World de Orlando.
2.
Na altura o menino não prestou grande atenção aos homens mascarados de Pato Donald ou de Mickey, mas brincou durante muito tempo com os bonecos do Mickey e do Pato Donald, com os objectos em si.
O Q.I. do menino era o mais avançado da sua turma. Parecia ter incorporado toda a obra “Sedução” de Baudrillard e saber que tudo é simulacro, parecia ter ido ainda à frente de Baudrillard e saber que aquilo que o homem cria é também o homem.
3.
Na escola especial para autistas aconselharam Hanz a levar o filho a um acampamento de escuteiros. Ele passou lá duas semanas. Depois o pai foi buscá-lo. Durante esse tempo houve muitas actividades. A cada menino foi pedido que escrevesse um pequeno conto, cujo tema fosse a Floresta Negra, o conto deveria ter no máximo duas páginas. Os orientadores não conseguiram convencer o menino autista a escrever, porque este estava a olhar para o chão e para as árvores. Os outros meninos escuteiros apanhavam pinhas e liam, e aprendiam a fazer nós ( O nó do marinheiro, o nó do enforcado). Escreveram cada um, o seu conto. Depois foi publicada uma antologia dos meninos escuteiros com as suas visões da Floresta Negra. 40% dos contos eram sobre castelos, 34% eram sobre fadas das montanhas. Hanz levava no banco de trás do carro a antologia. Claro que não estava lá o do menino.
Mesmo assim, Hanz foi até à janela da pensão, pegou na antologia, acendeu um cigarro e leu os contos todos dos meninos saudáveis. Percebeu então que o escritor é aquele que não escreve. E que a literatura é simplesmente tudo o que não pode/ não foi / nunca será escrito.
4.
No dia seguinte passearam-se mais um bocado pela floresta Negra, e ao lado da estrada o menino encontrou uma estrela-do-mar, o pai olhou-a. Podia ter caído de algum carro, de alguém que vinha da praia e a trazia ao vento por fora da janela. A praia mais perto era a 1000 quilómetros. Mas as estrelas-do-mar são sobreviventes. Pensou sem saber porquê que se podia tratar de uma estrela-do-mar autista. Uma estrela-do-mar que soubesse tudo, todos os segredos de toda a gente. Meteu-a no bolso do menino.
5..
Assim que chegaram a Zurique, hanz descobriu um alfarrabista mesmo ao lado do parcóometro onde se dirigiu para pagar o estacionamento do carro. Entrou na livraria com o menino e descobriu na secção de História, um livro que se chamava – Doenças Psiquiátricas no Antigo Regime – Era uma obra de História da Medicina. Abriu ao acaso numa das páginas e encontrou o capítulo: O Autismo na Idade Média.
Comprou o livro e saiu, era uma edição dos anos 60 e a capa parecia da cor da estrela-do-mar. Voltaram para Hamburgo e nesse mesmo dia numa consulta, o médico aconselhou a que o menino andasse com um cartão ao peito, que tivesse os seguintes dados, o seu nome, o nome do pai e as respectivas fotografias. Isso criaria identificação e reconhecimento. Deveria também ter a fotografia de um objecto com o qual o menino tivesse grande afinidade. A técnica não era nova. O cartão foi feito. Hanz tirou uma fotografia da Estrela-do-mar e a mesma fotografia foi anexada ao cartão, que passou a estar sempre ao peito do menino. O cartão tinha também os números de telefone, do pai e da clínica.
Algumas variantes sobre a origem do autismo:
1. Índios da América do Norte:
Os autistas são meninos que olharam demais para a lua
2. Antiga Grécia
2.1
Os autistas eram os meninos que nadavam no fundo do lago cuja superfície servia de espelho a Narciso. Os meninos eram filhos de Cassandra e Cronos e de vez em quando entravam nos túneis subaquáticos que iam dar até ao mar negro. Aí alimentavam-se de estrelas-do-mar. As meninas autistas em vez de as comerem metiam-nas nos cabelos e voltavam para junto do lago de Narciso. Não era a si próprio que Narciso via. Mas todos os outros.
2.2.
Os meninos autistas eram gatos negros transformados em meninos
2.3.
Os meninos autistas eram filhos de Narciso e de uma mulher em tudo igual a si,
(Outra variante)
Os meninos autistas eram filhos de Narciso e de uma mulher que era também ele próprio.
3.
Margarida da Suécia era muito amiga de um menino-autista da Suécia, que dormia no quarto ao lado da Rainha. Cantava muito bem e pensando que cantava sozinho, era ele o músico preferido da Rainha.
4. No deserto que circundava Babilónia, um estafeta do rei, descobriu no caminho, uma estrela-do-mar. Como era sinal de boa sorte, nesse sítio o rei mandou erguer uma cidade de várias pontas e povoá-la com todos os meninos autistas da Babilónia. Aí criariam a letra cuneiforme, o princípio da escrita através do qual todas as histórias seriam contadas.
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1.
Era domingo num Mc Donalds da Floresta Negra, Hanz olhou para o seu filho, autista de elevado grau, a brincar com o boneco do Shreck que era a brinde do Happy Meal. Passavam uma semana no sul da Alemanha e iam depois visitar a Áustria. Iam num carro alugado. O menino comia o seu hambúrguer, sem nunca olhar para o pai. O pai foi lá fora fumar um cigarro, viu o filho do vidro a continuar a brincar, não adiantava dizer-lhe para vir, isso demoraria horas e no interior do Mc Donalds da Floresta Negra não estava ninguém a não ser os empregados. O pai abriu o mapa das estradas da Baviera, teriam de estar na Pensão antes da meia noite. Ainda eram cinco horas e já era noite. O pai acendeu outro cigarro e deichou-se estar por três horas a olhar pelo vidro, para o seu filho, que continuava a brincar com o boneco, como se só tivessem passado 3 minutos. O pai abriu a porta do carro, ligou a música numa emissora comercial e fumou cigarro após cigarro até às 23h15. Depois foi chamar o menino. Seguiram pelas estradas cheias de curvas da Baviera, até à pensão. No outro dia iam ver o castelo de Neuchvenstein, cuja reprodução já haviam visto na Disney World de Orlando.
2.
Na altura o menino não prestou grande atenção aos homens mascarados de Pato Donald ou de Mickey, mas brincou durante muito tempo com os bonecos do Mickey e do Pato Donald, com os objectos em si.
O Q.I. do menino era o mais avançado da sua turma. Parecia ter incorporado toda a obra “Sedução” de Baudrillard e saber que tudo é simulacro, parecia ter ido ainda à frente de Baudrillard e saber que aquilo que o homem cria é também o homem.
3.
Na escola especial para autistas aconselharam Hanz a levar o filho a um acampamento de escuteiros. Ele passou lá duas semanas. Depois o pai foi buscá-lo. Durante esse tempo houve muitas actividades. A cada menino foi pedido que escrevesse um pequeno conto, cujo tema fosse a Floresta Negra, o conto deveria ter no máximo duas páginas. Os orientadores não conseguiram convencer o menino autista a escrever, porque este estava a olhar para o chão e para as árvores. Os outros meninos escuteiros apanhavam pinhas e liam, e aprendiam a fazer nós ( O nó do marinheiro, o nó do enforcado). Escreveram cada um, o seu conto. Depois foi publicada uma antologia dos meninos escuteiros com as suas visões da Floresta Negra. 40% dos contos eram sobre castelos, 34% eram sobre fadas das montanhas. Hanz levava no banco de trás do carro a antologia. Claro que não estava lá o do menino.
Mesmo assim, Hanz foi até à janela da pensão, pegou na antologia, acendeu um cigarro e leu os contos todos dos meninos saudáveis. Percebeu então que o escritor é aquele que não escreve. E que a literatura é simplesmente tudo o que não pode/ não foi / nunca será escrito.
4.
No dia seguinte passearam-se mais um bocado pela floresta Negra, e ao lado da estrada o menino encontrou uma estrela-do-mar, o pai olhou-a. Podia ter caído de algum carro, de alguém que vinha da praia e a trazia ao vento por fora da janela. A praia mais perto era a 1000 quilómetros. Mas as estrelas-do-mar são sobreviventes. Pensou sem saber porquê que se podia tratar de uma estrela-do-mar autista. Uma estrela-do-mar que soubesse tudo, todos os segredos de toda a gente. Meteu-a no bolso do menino.
5..
Assim que chegaram a Zurique, hanz descobriu um alfarrabista mesmo ao lado do parcóometro onde se dirigiu para pagar o estacionamento do carro. Entrou na livraria com o menino e descobriu na secção de História, um livro que se chamava – Doenças Psiquiátricas no Antigo Regime – Era uma obra de História da Medicina. Abriu ao acaso numa das páginas e encontrou o capítulo: O Autismo na Idade Média.
Comprou o livro e saiu, era uma edição dos anos 60 e a capa parecia da cor da estrela-do-mar. Voltaram para Hamburgo e nesse mesmo dia numa consulta, o médico aconselhou a que o menino andasse com um cartão ao peito, que tivesse os seguintes dados, o seu nome, o nome do pai e as respectivas fotografias. Isso criaria identificação e reconhecimento. Deveria também ter a fotografia de um objecto com o qual o menino tivesse grande afinidade. A técnica não era nova. O cartão foi feito. Hanz tirou uma fotografia da Estrela-do-mar e a mesma fotografia foi anexada ao cartão, que passou a estar sempre ao peito do menino. O cartão tinha também os números de telefone, do pai e da clínica.
Algumas variantes sobre a origem do autismo:
1. Índios da América do Norte:
Os autistas são meninos que olharam demais para a lua
2. Antiga Grécia
2.1
Os autistas eram os meninos que nadavam no fundo do lago cuja superfície servia de espelho a Narciso. Os meninos eram filhos de Cassandra e Cronos e de vez em quando entravam nos túneis subaquáticos que iam dar até ao mar negro. Aí alimentavam-se de estrelas-do-mar. As meninas autistas em vez de as comerem metiam-nas nos cabelos e voltavam para junto do lago de Narciso. Não era a si próprio que Narciso via. Mas todos os outros.
2.2.
Os meninos autistas eram gatos negros transformados em meninos
2.3.
Os meninos autistas eram filhos de Narciso e de uma mulher em tudo igual a si,
(Outra variante)
Os meninos autistas eram filhos de Narciso e de uma mulher que era também ele próprio.
3.
Margarida da Suécia era muito amiga de um menino-autista da Suécia, que dormia no quarto ao lado da Rainha. Cantava muito bem e pensando que cantava sozinho, era ele o músico preferido da Rainha.
4. No deserto que circundava Babilónia, um estafeta do rei, descobriu no caminho, uma estrela-do-mar. Como era sinal de boa sorte, nesse sítio o rei mandou erguer uma cidade de várias pontas e povoá-la com todos os meninos autistas da Babilónia. Aí criariam a letra cuneiforme, o princípio da escrita através do qual todas as histórias seriam contadas.
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