Tu que nos deste
Tu que nos deste a primavera
e o sarampo,
as manobras fáceis da procriação
e a denodada repulsa pela morte,
leva um pouco mais longe a generosidade
e dá-nos agora a indiferença:
longa, fria, auspiciosa.
Como a que deste às pedras.
E - segundo parece -
como a que reservaste para ti.
Dá-nos esse gelo, essa tão
dura carapaça. Para que passem
carroças sobre nós - e nós a assobiar.
(in As têmporas da cinza, Cotovia, Lisboa, 2008, p. 54).
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