Os nossos corpos têm nome de cidade de passagem.
Por eles viajam os dias mas nunca permanecem.
Tudo quanto aqui nos rodeia, amortalha: o céu,
a substância oca do copo e das palavras,
a respiração das coisas adormecidas.
Levantamo-nos da mesa como o ar
se levanta das árvores e saímos para o frio.
O vento mudou o mundo de lugar
e caminhamos, deixamo-nos caminhar.
Há corpos que buscam as luzes dos bares
nas cidades de passagem como as traças nocturnas
buscam a bugia do último coração aceso.
Mas cá fora está tão escuro que não vemos a noite.
- Jesús Jiménez Domínguez
in Fundido en Negro
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