terça-feira, novembro 24, 2009

LA VRAI VIE EST ABSINTHE

Os nossos corpos têm nome de cidade de passagem.
Por eles viajam os dias mas nunca permanecem.
Tudo quanto aqui nos rodeia, amortalha: o céu,
a substância oca do copo e das palavras,
a respiração das coisas adormecidas.
Levantamo-nos da mesa como o ar
se levanta das árvores e saímos para o frio.
O vento mudou o mundo de lugar
e caminhamos, deixamo-nos caminhar.
Há corpos que buscam as luzes dos bares
nas cidades de passagem como as traças nocturnas
buscam a bugia do último coração aceso.
Mas cá fora está tão escuro que não vemos a noite.

- Jesús Jiménez Domínguez
in Fundido en Negro

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