sexta-feira, setembro 18, 2009

Martín Espada

A minha poesia assenta em dois pilares: na imagem e na imaginação política.
Ainda que a "imagem", em poesia, remeta para os cinco sentidos, eu fui particularmente influenciado pelo trabalho do meu pai, que é fotógrafo documental. Enquanto escrevo, penso em mim próprio a focar uma lente, esforçando-me por criar uma imagem o mais clara, penetrante e detalhada possível. Acredito na metáfora e no símile como métodos de construção desta imagem. A imagem está para o poema como o vagão está para o comboio. Se ligarmos os vagões necessários, o poema começa a mover-se.
A poesia da imaginação política é uma questão de visão e de linguagem. Qualquer mudança social progressista primeiro tem que ser imaginada, para permitir a passagem da visão à realidade. Qualquer condição social opressiva, antes de ser transformada, tem que ser nomeada e condenada através de palavras que persuadam, agitando as emoções, despertando as mentes. (...) Deve notar-se que os [meus] poemas empenham-se em ir para além do protesto: estou interessado na arte da dissenção. A poesia da imaginação política implica frequentemente a ideia de advocacia: falar em favor de outros que não têm a oportunidade de serem ouvidos (...).
(versão minha da maior parte do depoimento do poeta em The invisible ladder, selecção e organização de LIz Rosenberg, Henry Holt and Company, Nova Iorque, 1996, p. 53).

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