terça-feira, setembro 01, 2009

Azorean torpor

A Gerald Moser

Subo à coroa do monte, sento-me na pedra mais alta,
suspendo o rosto sobre as mãos em concha
e deixo que se escoe o tempo entre os dedos das horas,
como lá em baixo se escoa, vagaroso,
o fumo de entre as telhas das casas.

Mole, como a paz do lugar, lentamente
passeio os olhos ao redor
e longe, pelo mar estagnado.

E nem o paquete que lá vai, ao largo, prestes
cortando o impreciso risco
de água e céu do limite...
nem este aceno de outro e outro além,
nada, em mim, levanta a sonolência
que dos olhos me desce ao corpo sem vontade.

Tudo começa e acaba exactamente aqui,
na madorna da tarde sem memória.

- Pedro da Silveira

Sem comentários: