ALTERMODERN*
“O Pós modernismo está morto”. Com esta declaração controversa, o historiador de arte Nicolas Bourriaud inaugura a Atermodern Tate Triennial 2009. Nela, estão agrupados uma série de artistas que, protegidos pela lógica de um manifesto, aderiram a uma corrente que sustenta que a crioulização (fusão étnica, miscigenação da arte europeia, como uma importação artificial de influências de todo o mundo a um epicentro, Londres?) é um acontecimento que está a influenciar as tendências artísticas da actualidade. No entanto, o manifesto que agora apresentamos traduzido para português, deixa muitas perguntas sem respostas. Por exemplo: Qual é o pós-modernismo que segundo eles está morto? O que deriva da condição de uma sociedade pós industrial, talvez unicamente visível em sociedades desenvolvidas, ou o que se manifestou na arte, que nunca foi exactamente localizável?
A discussão não é se a pós-modernidade é um acontecimento teórico ou um princípio estético que nunca ficou claro em que consiste. O pós-modernismo é a forma mais acabada da modernidade? Se a discussão sobre o que é em si a pós-modernidade cria a um grande número de debates, anunciar a sua morte como se fosse uma inteligência que desfruta de vida própria, deixa um ar de suspeita que mais parece um elemento a contribuir para a confusão em si generalizada que nunca a conseguiu definir. É como categorizar e dar impulso a um conceito substituto através de uma declaração determinista e vazia; a altermodernidade não se delimita a si mesma e afirma que o artista deve partir da globalidade. Que globalidade? A imposta pelos meios de comunicação, ou a imposta pelas grandes empresas transnacionais com fins económicos? Este manifesto aqui apresentado, não fala também sobre a situação da arte na sociedade actual. Bourriaud não só declara o início de uma nova época (fundada seguramente na morte de outra, que nunca foi bem reconhecida e que pode nunca ter existido), como também denomina ainda alguns representantes desta Altermodernidade para que possamos reconhecer esta tendência. No campo da música, os franceses Beirut, na literatura, o alemão Antony Sebad e o espanhol Enrique Vila-Matas (pergunte-se ao autor de Bartleby & compañia se é da mesma opinião) são considerados representantes desta corrente. Entre os artistas que expõem obras nesta trienal, estão: Franz Ackermann, Spartacus Chetwynd, Shezad Dawood, David Noonan, Simon Starling, Pascale Marthine, Subodh Gupta e Peter Coffin. Nicolas Bourriaud assinou o manifesto.
Cabe-nos agora fazer uma pergunta que parece pertinente. O nascimento de um novo “ismo” que afirma a morte de outro, não será um começo forçado ou uma fórmula repetida que todos os movimentos auto denominados de vanguarda e ruptura utilizaram?
Seja como for, este novo conceito pode contribuir para a criação de novas teorias, através da refutação/integração deste manifesto inaugural da Tate Triennial 2009, com base num debate saudável sobre arte contemporânea.
MANIFESTO
ALTERMODERN*
O PÓS MODERNISMO ESTÁ MORTO
Uma nova modernidade está a emergir, reconfigurada para uma nova época de globalização - entendida como económica, política e cultural: Uma cultura altermodern.
O aumento das comunicações, viagens e migrações estão a afectar a maneira como vivemos.
A nossa vida é marcada por um caótico e frenético universo.
O Multiculturalismo está a ser ultrapassado pela crioulização: Os artistas estão agora a começar a partir de um estado de cultura global.
O novo universalismo está assente nas traduções, legendas e dobragens generalizadas.
A Arte de Hoje explora os laços que o texto e imagem, tempo e espaço, constroem entre eles.
Os Artistas estão a responder a uma nova perspectiva globalizada. Atravessam uma paisagem cultural saturada de sinais e criam novos percursos entre múltiplos formatos de expressão e comunicação.
A Tate Triennial 2009 na Tate Britain apresenta uma discussão colectiva à volta da ideia que o pós-modernismo está a chegar ao fim, e nós estamos a experimentar a emergência de uma globalidade altermodern.
“O Pós modernismo está morto”. Com esta declaração controversa, o historiador de arte Nicolas Bourriaud inaugura a Atermodern Tate Triennial 2009. Nela, estão agrupados uma série de artistas que, protegidos pela lógica de um manifesto, aderiram a uma corrente que sustenta que a crioulização (fusão étnica, miscigenação da arte europeia, como uma importação artificial de influências de todo o mundo a um epicentro, Londres?) é um acontecimento que está a influenciar as tendências artísticas da actualidade. No entanto, o manifesto que agora apresentamos traduzido para português, deixa muitas perguntas sem respostas. Por exemplo: Qual é o pós-modernismo que segundo eles está morto? O que deriva da condição de uma sociedade pós industrial, talvez unicamente visível em sociedades desenvolvidas, ou o que se manifestou na arte, que nunca foi exactamente localizável?
A discussão não é se a pós-modernidade é um acontecimento teórico ou um princípio estético que nunca ficou claro em que consiste. O pós-modernismo é a forma mais acabada da modernidade? Se a discussão sobre o que é em si a pós-modernidade cria a um grande número de debates, anunciar a sua morte como se fosse uma inteligência que desfruta de vida própria, deixa um ar de suspeita que mais parece um elemento a contribuir para a confusão em si generalizada que nunca a conseguiu definir. É como categorizar e dar impulso a um conceito substituto através de uma declaração determinista e vazia; a altermodernidade não se delimita a si mesma e afirma que o artista deve partir da globalidade. Que globalidade? A imposta pelos meios de comunicação, ou a imposta pelas grandes empresas transnacionais com fins económicos? Este manifesto aqui apresentado, não fala também sobre a situação da arte na sociedade actual. Bourriaud não só declara o início de uma nova época (fundada seguramente na morte de outra, que nunca foi bem reconhecida e que pode nunca ter existido), como também denomina ainda alguns representantes desta Altermodernidade para que possamos reconhecer esta tendência. No campo da música, os franceses Beirut, na literatura, o alemão Antony Sebad e o espanhol Enrique Vila-Matas (pergunte-se ao autor de Bartleby & compañia se é da mesma opinião) são considerados representantes desta corrente. Entre os artistas que expõem obras nesta trienal, estão: Franz Ackermann, Spartacus Chetwynd, Shezad Dawood, David Noonan, Simon Starling, Pascale Marthine, Subodh Gupta e Peter Coffin. Nicolas Bourriaud assinou o manifesto.
Cabe-nos agora fazer uma pergunta que parece pertinente. O nascimento de um novo “ismo” que afirma a morte de outro, não será um começo forçado ou uma fórmula repetida que todos os movimentos auto denominados de vanguarda e ruptura utilizaram?
Seja como for, este novo conceito pode contribuir para a criação de novas teorias, através da refutação/integração deste manifesto inaugural da Tate Triennial 2009, com base num debate saudável sobre arte contemporânea.
MANIFESTO
ALTERMODERN*
O PÓS MODERNISMO ESTÁ MORTO
Uma nova modernidade está a emergir, reconfigurada para uma nova época de globalização - entendida como económica, política e cultural: Uma cultura altermodern.
O aumento das comunicações, viagens e migrações estão a afectar a maneira como vivemos.
A nossa vida é marcada por um caótico e frenético universo.
O Multiculturalismo está a ser ultrapassado pela crioulização: Os artistas estão agora a começar a partir de um estado de cultura global.
O novo universalismo está assente nas traduções, legendas e dobragens generalizadas.
A Arte de Hoje explora os laços que o texto e imagem, tempo e espaço, constroem entre eles.
Os Artistas estão a responder a uma nova perspectiva globalizada. Atravessam uma paisagem cultural saturada de sinais e criam novos percursos entre múltiplos formatos de expressão e comunicação.
A Tate Triennial 2009 na Tate Britain apresenta uma discussão colectiva à volta da ideia que o pós-modernismo está a chegar ao fim, e nós estamos a experimentar a emergência de uma globalidade altermodern.
Nicolas Bourriaud
Altermodern – Tata Triennial 2009-03-09 na Tate Britain
4 de Fevereiro – 26 de Abril 2009
*Manifesto escrito para a Tate Triennial 2009.
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- Rober Diaz
in Sin-ismo nº 1 - Junho de 2009
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