quarta-feira, junho 17, 2009

Um pouco mais que haiku de amor

Tenho medido os dias aos cigarros, rápidos e imprecisos,
fumados até ao litoral dos teus olhos. Continuo...
no mesmo sítio de sempre, devolvendo
às cadeiras o sorriso emprestado pela familiaridade
dos seus gestos tão poéticos.
Tenho acertado os dias pelos copos e agora
estão – ou estarei eu? – vazios. Vai-me pedindo
mais um copo, que eu vou convocar
certos demónios no espelho da casa de banho e, depois,
beber um pouco de água opaca, lavar bem as mãos, secá-las
e regressar à mesa quatro minutos menos feliz.
Não morras nunca, digo-te, acrescentando logo a seguir
que, mesmo assim, não quero falar da morte,
muito embora – desculpa-me a insistência –
o teu cabelo hoje me pareça mais preto.
Sorris.
É o que me vale, sabes sempre sorrir tão bem.

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