e à frente um cemitério.
Assim (na opinião de um amigo)
deveria terminar não apenas o postal
mas um poema que não escrevi.
Serviam, para acompanhar as cervejas,
batatas a murro tão frias como eu.
Talvez o postal bastasse, agora que
a igreja velha, onde o meu pai
aprendeu música, já só abre
para velórios — diariamente, portanto.
Calado, à minha frente, um cemitério
– e, apenas um pouco atrás,
canções que vêm morrer
junto ao balcão do bar
não sei por quanto tempo.
- Manuel de Freitas
Boa Morte, edição de autor, 2008
4 comentários:
Sinceramente que já me entedia a presença constante nos poemas deste senhor das palavras "cerveja" e "cemitério"... vá lá que neste não fala de "ganzas".
em compensação fala de batatas a murro. isto ou é poesia da melhor ou é bacalhau riberalves. Ou ambas
Hugo,
da próxima vez vamos a um bar perto de alguma maternidade, pedimos leite com groselha em vez de cervejas e logo vemos se nos saem uns versos para os filhos que não temos - crianças espantosas essas. Depois disso retomamos a vida com os dias, o tédio e todas as crianças que nem precisavam de ter nascido.
E as mães dessas crianças que não nasceram, o meu láudano.
Pode bem ser, mon ami.
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