sexta-feira, outubro 17, 2008

Imperativo ler depressa

Para o Diogo

Estava demasiado frio para cerveja,
até dentro do Estádio, mas nós bebemos
à mesma. Até porque chovia daquela
forma tão concreta que poucos se atreveriam
a fazer disso um poema, o que, convenhamos,
não é tarefa fácil, com tanto sobre o que escrever.

Fizemos, claro, o jogo do costume:
registar as entradas e saídas
de futuras ex-grandes promessas do
imaginário partilhado das nossas perturbações,
concluindo que ninguém seria o suficientemente
descuidado como para apreciar isto em nós.
E – os poetas de 23 anos podem começar um verso
desta forma –, tens razão, não somos sequer do tipo
de homem que uma pessoa decente fosse
escolher para partilhar uma cama, um abraço
e, só depois, um momento de sono.
No entanto, é assim que se soletra amor
ou qualquer outra merda parecida.

Chegou, entretanto, aquela hora em que a tua
noite e a minha se separam, com uma conta de €6,55
ainda por pagar. Não há dúvida de que assim nos vamos
entender durante muito tempo.

Só é pena sermos tão pouco interessantes.

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