Cada ser que me consome é todos os seres
em que fui ou em que julguei ser onde
semeei paisagens em campos abertos
nos corpos náufragos da dor e do medo
a cada um emprestei um nome desocupado
e neles me cansei no cansaço de fingir
hoje arrebata-me esta ideia da morte
com que elidi tantos corpos por marcar
resta-me apenas uma chave para entrar
no labirinto onde possa andar até ao fim
terra das cem promessas guarda-me
bálsamo para os músculos cansados
um pouco da água rara do deserto
para limpar os olhos em sangue da traição.
- Carlos Alberto Machado
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