Toda a gente sabe o que quer dizer um cigarro. Eu sei mais ou menos e melhor do que eu sabem as pessoas que se obrigaram ao seu hábito. Eu vi com atenção muitas vezes a sequência dos gestos, contei-os. Observava como se observa a cadência calma (ou não) com que certos animais por trás das grades no zoo descascam fruta ou outro tipo de bens ou males de necessidade inferior. Reparar nos detalhes sempre me deu um certo prazer e sobretudo acho alguma piada àquilo que as pessoas convencionam que resulta porque "parece" resultar de forma apropriada com outras.
Os actos sociais são na sua maioria fórmulas de estreitar laços, de tornar menos visível uma distância e se podemos sempre fingir que faz sol quando não faz, só para que se possa usar óculos escuros, também não há mal nenhum em deixar um pateta qualquer começar a fumar pelas piores razões que a sua cabeçinha consiga esconder.
Eu gosto do desespero das pessoas que não sabem sofrer. Gosto da tristeza melancólica com que muitos fingem as poses de um isolamento íntegro quando simplesmente se sentem abandonados, e gosto de quem puxa um cigarro a meio de uma conversa quando lhe parece que aquela conversa pode chegar a algum lado.
O cigarro tem aquela luz na ponta, o fumo que é sinal de fogo e as cinzas que podem lembrar a elaboração inquieta das ideias, e no entanto o cigarro não vai a lugar nenhum e só estreita a relação de alguém com a fugacidade de todos os desencontros.
Ter motivo para se queixar é a única esperança que resta a alguns, porque é uma forma de procurar o conforto colegial de uma desculpa para um corredor errado da vida. E não há mal nenhum em estar-se certo, sobretudo quando temos companhia, o problema é que estar certo é sempre o caminho mais rápido para mantermos velhos hábitos e esquecermos o que resiste muito para além disso.
Os actos sociais são na sua maioria fórmulas de estreitar laços, de tornar menos visível uma distância e se podemos sempre fingir que faz sol quando não faz, só para que se possa usar óculos escuros, também não há mal nenhum em deixar um pateta qualquer começar a fumar pelas piores razões que a sua cabeçinha consiga esconder.
Eu gosto do desespero das pessoas que não sabem sofrer. Gosto da tristeza melancólica com que muitos fingem as poses de um isolamento íntegro quando simplesmente se sentem abandonados, e gosto de quem puxa um cigarro a meio de uma conversa quando lhe parece que aquela conversa pode chegar a algum lado.
O cigarro tem aquela luz na ponta, o fumo que é sinal de fogo e as cinzas que podem lembrar a elaboração inquieta das ideias, e no entanto o cigarro não vai a lugar nenhum e só estreita a relação de alguém com a fugacidade de todos os desencontros.
Ter motivo para se queixar é a única esperança que resta a alguns, porque é uma forma de procurar o conforto colegial de uma desculpa para um corredor errado da vida. E não há mal nenhum em estar-se certo, sobretudo quando temos companhia, o problema é que estar certo é sempre o caminho mais rápido para mantermos velhos hábitos e esquecermos o que resiste muito para além disso.
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