segunda-feira, janeiro 21, 2008

there is no place for us

entre a fronde matinal despertamos
um pouco sorumbáticos
sorvemos os dias por uma palhinha
e ficamos, algures, num café
na imitação dos vícios dos outros
sendo atropelados pelas mesmas visões
os mesmos pensamentos e ideias
alimentados de uma empatia
pelas marcas de apreensão nas testas
que sem darem por isso circulam
de dia para dia a soro fisiológico,

balançamos com a brisa
a instabilidade biológica de um corpo
este navio para as travessias difíceis
pela noite dentro, atravessando-nos
o fundo escuro do coração
a ferida exposta a céu aberto, e, sobre a branca
e rumorosa folha onde o mundo pousa
o rosto cansado, devolvemos-lhe
aquilo que se chama às vezes um poema
e que às vezes parece uma existência de papel
no alpendre das tardes, a casa vazia
onde às vezes morámos

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