domingo, janeiro 27, 2008

Sereníssimo

A passo de leão até à primeira rosa
de cor em cor até ao fim da terra

antes de mil anos e de mil olhos cegos

num silêncio de neve a arder
de cidade em cidade
até um nome em carne viva

de um pólo a outro pólo
para além da melancolia
da estátua equestre aos descobrimentos
e à sua dor de bronze

obscuro e sereníssimo
como um crime perfeito

o século dos séculos

de estalactites de horas
flutuando nos dias e nas noites
de ninguém

e o homem fascinante
e a sua mulher fascinada
irrompendo da lava

tudo __depois da minha assinatura

do número ao diamante

do zero ao infinito
até ao último dia

- António José Forte

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