domingo, janeiro 20, 2008

nenhum nome te fez sentir em casa, homem cão
meio abandonado, meio vadio, um pouco rato às vezes
especialmente perante a feroz elegância dos gatos
um pouco silencioso quando não falavas
três pancadas na cuca, uma mão sempre
debaixo da mesa, às vezes o retrato exagerado
de uma beleza feminina, às vezes uma febre
que alimentava fraquezas, superstições e com condições
muito especiais ainda te ofereceste para pagar
algumas refeições ao amor

largos gestos, alguns disfarces e houve quem explicasse
a tua honestidade, inteligência ou generosidade, trocos portanto
uma falha na fala, alguma dificuldade com certas palavras
e um fascínio por essas mesmas mas não por serem complicadas
pouca paciência para relações, para conceder um sorriso
aos que discursam com um coração frouxo que não lhes sangra nas mãos

assinado num guardanapo
um pacto de mera sobrevivência perante o mundo
as comuns clausulas contratuais gerais, algumas reservas
uma fraca impressão do sol, uma admiração pela lua e uma educação
sobre a importância de uma vela acesa para a identidade do escuro

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