Encontrámo-nos certa noite num sonho e ele contou-me tudo.
Abuso de substâncias químicas. Dependência na loucura. A pena que se tem pelos loucos é igual ao pesar pelos mortos. Sentimentos contraditórios à libertação e purificação da alma, em qualquer das suas modalidades. Os viciados nos mundos leves estão mais perto do céu, do seu. Os outros pensam que o céu é só um e nunca o viram ou se lhes revelou, ou pensariam estar a enlouquecer.
Nestes espaços em que a mente se permite delirar tudo é perfeito: o bem e o mal; tudo é artisticamente definido: a verdade e a falsidade. A realidade entra na alucinação por esta distorcida e descodificada. A alucinação é uma lupa que permite analisar minuciosamente a realidade, o conhecido, revelando o que nela se esconde. É estar num sítio inexistente e sentir-se encontrado. É uma fuga mesmo contra a vontade, sempre que a vida dói ou deixa de fazer sentido.
Por vezes não é necessário um grande cenário delirante e basta-lhe uma voz dentro da cabeça fazendo perguntas e descrevendo surrealismos, permitindo-lhe ignorar o que se passa à sua volta, ao ponto de ficar cego, surdo e mudo porque essa voz o faz viajar dentro dele e abandonar o corpo por momentos, mas este fica sempre como alarme de incêndio obrigando-o ao regresso sempre que urge a necessidade de o consumir mais um pouco.
A vela com a chama irrequieta provoca um espectáculo de luzes que piscam nas paredes, rodeada das outras velas com as chamas paradas, que nada produzem. A alma agitada provoca na mente esses reflexos psicadélicos. A quietude é uma vida seca, infrutífera, uma morte caminhante que na sua cegueira se julga vivente. Estes são os normais. Dele têm pena por não terem consciência de que ele é um consciente activo. Uns acreditam, outros não querem acreditar e outros ainda simplesmente não podem acreditar.
A loucura são dois olhos que o fixam de uma parede branca e que o impelem a pintar o resto do quadro com o que lhe surgir na mente, reflectindo os seus medos e esperanças, levando à construção de uma história pitoresca, culminando num final vitorioso, porque a vitória é a nossa manha mais aguçada. Neste lugar vence-se sempre, ninguém se perde de louco. O delírio encontra-o com tudo, mesmo com o que ignora ou de que foge, solucionando-o. Quando lhe dizem que sucumbir a mais uma alucinação não é a resolução de um problema, ele sabe que eles não crêem. Eles sentem em altura e largura e ele a três dimensões: em altura, largura e profundidade.
E, por afirmar isto fora dos sonhos onde comigo se encontra, o chamam louco.
Abuso de substâncias químicas. Dependência na loucura. A pena que se tem pelos loucos é igual ao pesar pelos mortos. Sentimentos contraditórios à libertação e purificação da alma, em qualquer das suas modalidades. Os viciados nos mundos leves estão mais perto do céu, do seu. Os outros pensam que o céu é só um e nunca o viram ou se lhes revelou, ou pensariam estar a enlouquecer.
Nestes espaços em que a mente se permite delirar tudo é perfeito: o bem e o mal; tudo é artisticamente definido: a verdade e a falsidade. A realidade entra na alucinação por esta distorcida e descodificada. A alucinação é uma lupa que permite analisar minuciosamente a realidade, o conhecido, revelando o que nela se esconde. É estar num sítio inexistente e sentir-se encontrado. É uma fuga mesmo contra a vontade, sempre que a vida dói ou deixa de fazer sentido.
Por vezes não é necessário um grande cenário delirante e basta-lhe uma voz dentro da cabeça fazendo perguntas e descrevendo surrealismos, permitindo-lhe ignorar o que se passa à sua volta, ao ponto de ficar cego, surdo e mudo porque essa voz o faz viajar dentro dele e abandonar o corpo por momentos, mas este fica sempre como alarme de incêndio obrigando-o ao regresso sempre que urge a necessidade de o consumir mais um pouco.
A vela com a chama irrequieta provoca um espectáculo de luzes que piscam nas paredes, rodeada das outras velas com as chamas paradas, que nada produzem. A alma agitada provoca na mente esses reflexos psicadélicos. A quietude é uma vida seca, infrutífera, uma morte caminhante que na sua cegueira se julga vivente. Estes são os normais. Dele têm pena por não terem consciência de que ele é um consciente activo. Uns acreditam, outros não querem acreditar e outros ainda simplesmente não podem acreditar.
A loucura são dois olhos que o fixam de uma parede branca e que o impelem a pintar o resto do quadro com o que lhe surgir na mente, reflectindo os seus medos e esperanças, levando à construção de uma história pitoresca, culminando num final vitorioso, porque a vitória é a nossa manha mais aguçada. Neste lugar vence-se sempre, ninguém se perde de louco. O delírio encontra-o com tudo, mesmo com o que ignora ou de que foge, solucionando-o. Quando lhe dizem que sucumbir a mais uma alucinação não é a resolução de um problema, ele sabe que eles não crêem. Eles sentem em altura e largura e ele a três dimensões: em altura, largura e profundidade.
E, por afirmar isto fora dos sonhos onde comigo se encontra, o chamam louco.
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