domingo, agosto 19, 2007

perpétua

às vezes um pouco
outras nem isso, depressa
devagar
só por acaso virá alguém
e esse não será o melhor momento
para dizeres o que pensas. ponto

em vez de ficarmos muito silenciosos
chega-te um pouco para lá
deixa-me ler-te uma história
que um dia alguém me leu
(agora não me lembro quem
gostava de saber quem terá sido)

etc. e tal, fim

repara: há dedadas nas paredes,
pelos corredores, sinais
de outros dias
e de brincadeiras

eu não as conheci,
mas o vizinho disse-me uma vez
que moraram aqui muitas crianças
- às vezes pergunto-me:
onde foram essas crianças,
que vidas as levaram?

a porta desta casa
já me pareceu maior
- há dias em que tenho medo,
tenho medo de ficar fechada
eu, uma mulher cheia de vida, aqui
com estes braços e estas mãos...
nenhuma mulher devia ser desperdiçada
isso devia estar numa lei

antes de ires
um beijo
(e uma confissão)
eu às vezes
às vezes eu... reticências

etc. e tal, sem fim

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