segunda-feira, agosto 13, 2007

auto-eu

vou sabendo que não sou ninguém
tenho só um nome que é uma palavra
a última palavra, sou o último lugar
a margem, o canto dobrado de uma folha
onde outra pessoa escreveu
uma coisa que me inspira
sou eu, essa coisa, relação exagerada
de amor e ódio com o que me rodeia
sou um excesso, uma superveniência
sempre a roçar a inconveniência
sou rude, bruto, estúpido e sincero
mas canso-me de tanto mentir
tomo demasiadas decisões
e depois fico indeciso
escrevo como quem espera
mas ainda não escrevi o quê
tenho doutoramento e falta-me
o ensino básico, sou supersticioso
a minha maior superstição é Deus
sei que vou morrer um dia
mas não consigo acreditar nisso
sou um poeta duvidoso,
tenho dúvidas sobre para que serve
um poema

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