quarta-feira, junho 27, 2007
A vida dos teus versos
deixavas-me um sonho à porta
todas as manhãs antes de saíres
e eu ficava na cama com um beijo
que esfriava na cara, e esperava-te
deixavas-me entrecruzando linhas
da última noite, para os céus e para
o teu corpo que me contava segredos
daqueles que só a pele consegue escutar
eu acordava, estava sozinho em tua casa
e ela parecia pôr-me as mãos nos ombros
e eu tirava o leite e as bolachas, e escrevia
os meus primeiros versos, toscos e sinceros
eles falavam sempre só de ti, eram a distracção
que eu tinha para aquele tempo que se esgotava
da maneira que me sabia melhor, evocando-te ali
onde me deixaste um reconfortante bilhete: volto já
agora que já não estás cá, a minha espera está mais velha
os meus poemas entraram na dolorosa adolescência
estão cheios de dramas, dúvidas e borbulhas
e eu já não os deito para o lixo.
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