segunda-feira, junho 11, 2007

A tarde era de caramelo

Saí de casa e meti-me no carro, não ía a lugar nenhum. Mas seguindo em frente fui chegando à zona da cidade onde tu ainda vives, apesar de tudo. Parei o carro e olhei para o teu prédio. Vi todas as coisas que se podem ter passado e não vi nenhuma das que se passou realmente mas consegui sofrer um rombo no peito que me disse que estava no lugar certo.
Alta de Lisboa, rua-não-sei-quantas, aquela da pequena rotundinha rídicula com uma palmeira no centro... (É deliciosa a nossa gente quando quer disfarçar um improviso.) E sem nem dar bem por isso saí do carro. Olho para as caixas de correio e a tua está ali no meio, intocada por ti há demasiados meses.
A minha mão vai buscar ao bolso qualquer coisa. Aperta-a. Eu relaxo a mão e vejo que ela guarda um caramelo para ti.
Estamos no ponto mais sereno do dia, a tarde doce, como um caramelo. De alguma forma eu devo ter chegado aqui querendo encontrar-te e trocar beijos contigo. Localizo a inscrição do teu apartamento, o poderoso 10º A. Para não enganar, até a letra na tua porta declara que é aí que tu vives. Entretanto eu sei que não vale a pena tocar mas já que aqui estou... Toco.



Volto para casa, o carro leva-me lentamente, parece quase mais triste que eu.

Chegando junto da minha secretária levo a mão de volta ao bolso e lá está o caramelo que eu tinha para te dar. Guardo-o na gaveta onde vou deixando algumas coisas que guardei para ti, juntamente com a primeira coisa que tu me deste depois dos primeiros beijos que trocámos, um poema...
Leio-o de novo e páro no último verso:
«Leva-me, em troca desta oferta: o meu coração.»

2 comentários:

elouise disse...

Por este andar, qualquer dia vira Museu.
:P

Diogo Vaz Pinto disse...

LOLADA!