domingo, junho 10, 2007

Safados

Há por aí uns tipos que se esforçam bastante para escrever alguma poesia e depois de um sucesso mínimo e de elogios em excesso já chamam poema a cada arroto que dão. Escrevem três linhas e assinam por baixo... E depois fazem livros.
O mais suspeito nestes tipos é que se fazem sempre rodear de uma matilha de artistas todos muito não-sei-quê que lá conseguem viver às custas da 'arte' já que não parecem ser capazes de se virar para os lugares mais comuns onde somos pagos pelo suor. Agrupados nessas nódoas sempre conseguem afirmar-se de alguma maneira e lá se vão safando uns aos outros... É isso que são uns safados.
Não tenho dúvidas que lhes deve ser concedido pelo menos o mérito de conseguirem forjar uma identidade artística o que sempre foi difícil mesmo para os verdadeiros artistas... Bem eu não vou continuar a despejar estas palavras que roçam o insulto sem nomear algum dos visados - visitem o blogue desse 'poeta' que até já trabalhou como editor (numa excelente editora por sinal - Quasi), o tipo assina valter hugo mãe e pronto é um desses safados.

10 comentários:

elouise disse...

as-minhas-coisas-escritas
as-tuas-coisas-escritas
as-coisas-escritas-dele
as-nossas-coisas-escritas
as-vossas-coisas-escritas
as-coisas-escritas-deles

Só as coisas escritas na primeira pessoa do plural, as-nossas-coisas-escritas, deviam ser consideradas poesia: quando nos deparamos com poemas que, democraticamente, vá lá, metade ou mais da população, tenha vontade de afirmar: se soubesse escrever poesia escrevia isto e assim.

Diogo Vaz Pinto disse...

não consigo perceber! já li e reli várias vezes o comentário e não consigo ter a certeza...

Nuno disse...

concordo. não conhecia, confesso que tive alguma resistência em deixar a ignorância e saber o que valter hugo mãe escreve lá nas suas paragens. Mas já sei. E faz todo o sentido dizer que "Agrupados nessas nódoas sempre conseguem afirmar-se de alguma maneira e lá se vão safando uns aos outros..." e que "se fazem sempre rodear de uma matilha de artistas". Confesso também que gostava de ter escrito isto, não tinha tido capacidade para chegar a essa fórmula... :P Mas concordo: há uma espécia de compadrio, uma divulgação constante do trabalho de uns e de outros, como se pedissem às pessoas o favor de comentar e visitar... a blogosfera às vezes desilude-me...

elouise disse...

Simples, acho: poesia de verdade, tem uma certa universalidade. É sentida por milhões,como sua, pelos tempos fora. Podemos chamar-lhe: as-nossas-coisas-escritas, porque é isso que sentimos quando a lemos.

Diogo Vaz Pinto disse...

hum... entendi

. disse...

não concordo nada com aquilo que aqui dizes sobre o valter hugo mãe. gosto daquilo que a poesia dele me transmite e não penso que ele seja um desses safados. mas também não me parece que valha a pena dizer-te que a poesia dele não se limita a linhas escritas num blogue. tu já sabes tudo sobre o "safado" do vhm e os "safados" dos amigos dele que vivem à custa da "arte". mas como tu deves saber tão bem como eu, nós estamos em Portugal, e só por isso torna-se impossível viver apenas desse grandioso lucro.
diogo: julgar é uma coisa feia

Diogo Vaz Pinto disse...

Dificilmente, mas talvez seja... Parece feio quando dizemos coisas feias e bonito quando dizemos coisas bonitas... O que é é útil quando dizemos coisas que são justas e inútil quando dizemos coisas injustas. O que quer dizer que não faz muito sentido pensar nisso como sendo limitado a feio ou bonito, é simplesmente o que é...

Eu não gosto, tu gostas e por isso parece-te feio.
Agora de julgar é que nós nunca podemos abdicar, de outra forma tínhamos que deixar de pensar (=avaliar) as coisas.

. disse...

hum... coisas não são pessoas. e não. julgar/avaliar não são sinónimos de pensar, pelo menos para mim não.

e a questão aqui é que tu não te limitaste a criticar a obra mas também a pessoa e é isso que eu não acho bonito, gostasse eu ou não do trabalho dele, para mim isso seria sempre feio.

"é simplesmente o que é", dizes tu. e o que é? pergunto eu. é feio, mais uma vez e em toda a amplitude da palavra, e por isso faz sentido que seja apenas feio, porque feio é muita coisa.

somos, suficientemente, livres para podermos dizer mal ou bem dos outros, mas nunca sensatos o suficiente quando olhamos para dentro de nós.

continua a ser demasiado fácil julgar pelas aparências.

é só isto que queria dizer.

Diogo Vaz Pinto disse...

e tens razão... toda, num sentido vago qualquer pessoa tem um imenso valor, imenso e incalculável do ponto de vista superficial de um estranho. Pode ser feio o que eu disse mas continua a não me parecer assim porque o disse de acordo com o pouco que tenho para apreciar. Há coisas que a mim não me preocupam, uma delas é o medo de formular opiniões a partir de meros sinais ou evidências... Caio no risco de ser injusto e pode acontecer que sofra por isso, é um risco. Neste caso a minha maior preocupação é em relação a ti porque não gostava nada que isto fosse para ti um ponto demasiado sensível e que de alguma forma te inibisse de participares neste espaço que gostava que fosse teu.

. disse...

formular opiniões a partir de meros sinais ou evidências, quanto a mim, não é um acto de coragem mas sim de insensatez e facilitismo.

e ficamos por aqui nesta conversa porque não nos leva a um lado diferente daquele em que já nos encontramos, o que a torna aborrecida.

mas não te preocupes comigo. não me parece que algum dia falarás de algum ponto que eu considere demasiado sensível, mas se acontecer eu aviso.

até lá continuarei a participar, porque ainda há uma coisa que nos une: a poesia