
As pedras, tu, não as demoves do seu silêncio
ainda que passes dias inteiros a olhar para elas,
a convocar-lhes as tuas qualidades emocionais,
com nenhum dos teus truques as comoves.
Não as ouvirás dizer uma palavra
nem mexer um só centímetro
ou soltar um espirro com a passagem do vento e
mesmo que chova torrencialmente não vão tremer
nem o calor lhes vai roubar uma pinga de suor
mas logo que te canses e dês descanso
à sua imobilidade teatral (ensaiada
para distrair o teu limitado ângulo de percepção),
as pedras vão regressar às suas entusiasmantes tertúlias
para as quais deixámos de ser chamados, porque as pedras
se cansaram das indagações repetidas dos que vêm como vão
e foram-nos excluindo aos poucos até que por fim decidiram
desprezar-nos completamente. E aí pararam de acalmar
estas nossas extenuantes impaciências remoçadas.
Agora as pedras assistem ao nosso pôr do sol com total indiferença.
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