
Não tinha como escapar-lhes
Os sonhos são monstros
escondidos debaixo da cama
Se tinha tanto medo do escuro
era por receio ao assalto surdo e mudo
das imagens
Nos lençóis a ameaça velada
de uma carta sem remetente
endereçada a si todas as noites
sendo todas as manhãs rasgada
Deixava a luz do hall ligada
e quando não dormia pensava
e a tinta que lhe escrevia a carta
como não podia assaltá-lo no sono
desenhava linhas por baixo do seu olhar
Isso esgotou-o e então veio a revolta
Nessa noite fartou-se do medo
partiu as pernas da cama
esmagou os monstros
debaixo do seu peso
e daí em diante
esta criança
à noite
descansa.
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