
Um rapaz sentado na areia, está a olhar em frente na direcção do mar. À sua volta ninguém, a praia está limpa, é toda sua. Ele não dá por si ali, perde-se com as ondas e o marulhar. Tem pensamentos pequeninos e algumas lembranças mais difíceis de recordar. Um lápis passa-lhe pela boca e desenha-lhe um sorriso, depois ele próprio o apaga e retorna à praia, sente as pernas cansadas debaixo de si, mexe-as um pouco e elas queixam-se. Depois passa a mão na areia, fica com alguns grãos agarrados à mão. Bate com uma mão na outra para tirar todos os grãos. Tira quase todos, ficam uns quatro ou cinco. Tira um-a-um esses grãos até chegar ao último. Agarra nesse grão, volta a olhar o chão feito de areia, volta a olhar o grão e fica com o olhar preso nele durante dois minutos. Mete o grão no bolso das calças, levanta-se e mete-se no caminho de tábuas para sair da praia. Até sair da praia e se meter sozinho no carro vai pensando - Onde será que daqui a uns dez anos este grão de areia vai estar?
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