sábado, agosto 26, 2006

Pergunta dificílima para democratas

Um professor meu numa aula na Faculdade de Direito colocou perante a turma uma questão que pode consubstanciar um paradigma para a democracia mas para quem conhecesse a cabeça bem formada daquele senhor e tendo em conta as análises inteligentíssimas que partilhava connosco (demasiadas vezes pérolas aos porcos) podíamos perceber que a pergunta só se torna um problema nas mentes debéis das gentes que nasceram para a democracia sem perceberem a opção...
A pergunta era:
- Será que em democracia o povo pode escolher (por maioria seja ela simples ou complicada) que o sistema político deixe de ser democrático?

A questão é muito pertinente se formos um pouco além da primeira ideia que será o "sim" ou da segunda ideia que é o "não"...
Será que temos esse poder, será que a soberania do povo chega a tanto?

5 comentários:

Pedro Morgado disse...

É uma questão difícil. Eu costumo dizer que a democracia usa algumas das armas das ditaduras para sobreviver: por exemplo, proíbe partidos com ideologia fascista.

De qualquer forma, duvido que o povo quisesse a Ditadura - o problema é que muitas vezes votam sem saber bem o que se está a votar!

Diogo Vaz Pinto disse...

A democracia (parece-me) é bem mais apetrechada de meios para se manter do que qualquer ditadura, uns meios são muito próprios e realizam-se a partir do próprio sentido da efectividade democrática que chama as pessoas à participação e assume uma necessidade de basear as suas opções na voz e vontade popular... Na verdade o povo não ordena, os representantes estão ao serviço não tanto dos interesses gerais mas dos interesses capitais e quem exerce verdadeira influência no momento da tomada de posições não é a voz popular mas são as necessidades dos lobbys - isto é verdade e é verdade que nos últimos anos se verifica um aumento do número de milionários quando a pobreza neste país tem crescido e o Estado está cada vez mais endividado... Pode-se portanto concluir que este é um país interessante para os capitalistas de estirpe selvática que assumem as falhas no plano político de vertente social e conseguem queimar o Estado, queimar os contribuintes e queimar os verdadeiros necessitados - a banca cresce em Portugal aos 80% anuais, o português endivida-se para levar um nível de vida acima das suas qualidade, isto não é mais do que falta de educação consumista, é uma liberdade falsa que é instigada a favor do consumismo com base em ilusões de que os meios de crédito são fórmulas aceitáveis para a manutenção da qualidade de vida a que o português se habituou...

Diogo Vaz Pinto disse...

o português está um mal educado, triste e muitas vezes desempregado mas gasta, gasta dinheiro do Estado e gasta dinheiro que não tem... Um povo assim precisa de ser educado e não devemos querer ser nós os educadores - a democracia não educa. A democracia deseducou as pessoas, agora é uma maioria de cretinos que não se aplica na sua contribuição mas pede ao Estado que seja funcionalmente perfeito - esquece é que o Estado nos seus aparelhos está investido de pessoas que trabalham e concorrem neste sistema de desleixo, trabalhar apenas o necessário para receber o cheque no final do mês...
Mas o que me espanta é esta fé na democracia... As pessoas estão descrentes nas pessoas mas crentes no sistema... A democracia precisa que as maioria estejam já educadas para assumirem as opções melhores para o seu plano de progressão e em Portugal ninguém confia no português para tomar decisões porque o português é um tipo que nem de si sabe tomar conta... Mas o português provavelmente ainda quer que lhe perguntem o que ele pensa e acha e é por isso que a democracia dificilmente irá cair... Não pode cair por razões que têm que ver com a consciência triste de cada um que prefere assumir responsabilidades sendo irresponsável do que passar a responsabilidade para um qualquer - e este nem precisaria de ser óptimo, bastava-lhe alguma educação e coerência...
A democracia é um beco sem saída e com a falta de civismo crescente que se verifica se conseguirmos sair daqui vamos voltar à selva.

Diogo Vaz Pinto disse...

Uma ocasião houve em que...

“Ainda sou do tempo em que os Alemães votaram Democraticamente no Adolfo” – Quitéria Barbuda in “Os Primos e Amigos do Adolfo”, Revista “Espírito”, nº 17, 2005.
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Diogo Vaz Pinto disse...

quando o povo escolhe dá sempre em merda... mesmo quando o povo escolhe um ditador...