terça-feira, julho 10, 2018


A nossa Candy fingia-se grandes pundonores, gozando o anonimato mais como quem diz a si mesmo "a minha vida não é isto", enquanto sugeria uma verdadeira vida alhures, uma onde até beijava na boca, fazia umas coisas com a língua. Já por cá, e atrás do leque, vivia numa costureirice 2.0. Para o que contava com o equivalente a um nome de stripper adaptado à poesia, portanto, a dar uma de queque, fazer de cocote, para tão cedo alforriar a matrona. E lá foi esperando correio dos admiradores, somando uma versice intestinal, sempre num registo de livro de reclamações aberto à cabeceira, sempre a puxar para o grosso, reproduzindo os sintomas do desconsolo. Lembrava certo conto do Rubem Fonseca em que o protagonista tem uma fixação com a própria matéria fecal, fotografando os ditos, intrigado com as diferenças de cor e consistência, documentando-os e compondo um bestial álbum de família. Da última vez que fui indagar, estava encaminhada para ter um livro na Tinta-da-China. Um remate final que dava sentido a toda aquela pose, como dizer que, de vez em quando, caía nas escadas. Era uma forma, como qualquer outra, de apanhar.

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