sexta-feira, junho 22, 2018

Maroscas hagiográficas


Quereis rir-vos um bocadinho? Pois então lede esta crítica de António Guerreiro a "Labareda", antologia de Alberto de Lacerda, mas isso depois de lerem o extenso artigo que escreve Isabel Lucas. Vale a pena confrontar os dois e perceber como um é a habitual marosca hagiográfica de uma inveterada vendedeira, sempre a postos para ser largada de pára-quedas numa posição estratégica e levar a cabo outra missão promocional (e aqui torna-se imperioso sublinhar que a edição, ou o tiro, para a imediata partida, largada e fugida da nossa Mata Hari editorial é da Tinta-da-China [é sabido que esta tropa não brinca]), ao passo que o outro é mais um dente do mais raro dos exemplares do tal crítico virtuoso que todos dizem estar morto, extinto, feito múmia nos museus boquiabertos (aproveitando com isso para deixar à fome os que vão sobrevivendo de côdeas por aí), e que ainda se dá ao trabalho de reflectir, analisar uma obra, retirar ilações, consequências. Sim, é certo que ninguém lho encomendou, e não parece haver coisa mais dispensável hoje do que um texto que pensa, tão desaconselhado se o que se quer é ter o suficiente para um bife que vá com as batatinhas. Também é certo que esta trabalheira é meio-caminho-andado para que quatro quintos dos habitantes deste quinto dos infernos lhe lancem campanhas desdenhosas simplesmente porque lhes causa um calafrio que haja ainda quem insista em fazer as coisas com seriedade, honestidade intelectual, humilhando a mediocridade que, por via dos compadrios, hoje domina o espaço cultural em toda a escala.

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