Eu vou morrer, mas
isso é tudo o que farei pela Morte.
Eu a ouço tirar seu cavalo da baia;
Eu ouço pisadas no chão do celeiro.
Ela tem pressa; ela tem negócios em Cuba e
nos Bálcãs, muitas ligações a fazer na manhã.
Mas eu não vou segurar a rédea
enquanto ela ajusta a cilha.
Ela que monte sozinha:
não darei pé na subida.
Embora ela estrale meus ombros no chicote,
não direi a ela para onde a raposa correu.
Com os cascos em meu peito, não direi onde
o garoto negro se esconde no pântano.
Eu vou morrer, mas isso é tudo que farei pela Morte.
Eu não estou em sua folha de pagamentos.
Não direi a ela o paradeiro dos amigos,
nem o dos meus inimigos.
Ainda que ela me prometa muito,
não mapearei o endereço de ninguém.
Acaso sou uma espiã na terra dos vivos
para entregar pessoas à Morte?
Irmã, senha e as plantas de nossa cidade estão
seguras comigo; a depender de mim, nunca serás derrotada.
- Edna St. Vincent Millay
(Tradução: Mariana Basílio, na revista Escamandro)
Sem comentários:
Enviar um comentário