segunda-feira, março 19, 2018

Exílio circular


três meses sem ver tua cara
ando paranoico uma metade na rua e a outra
no canto do quarto
o apartamento cresceu de tamanho, agora a sala tem 40 metros e dois pés de altura
flutuo entre um cômodo busco caminhos
nas barricadas que fiz no corredor
se ela visse como o banheiro está – teria um troço ou nadaríamos até as paredes ruírem
caindo no outro lado do lado que teima não abrir

três meses e sonho com dentes no lóbulo
faço arabescos na parede do meu estômago, ele inda assim não para de doer
sabe que minha caligrafia é ruim para escrever em linha reta
perdoa se escrevo teu nome
torto em um coração de bic vermelha
mas se não fosse desse jeito eu não te abrigaria com esse rude afeto

o frio que anda sentindo nessas estradas me cobre todas as noites
beber teu perfume não foi uma boa ideia
me abdiquei da carne, mas ando mordendo tuas fotografias
tocar-te a distância
o sol é indiferente às coisas que ilumina
: rastejar …….suaviza a serpente …………..uma pele para trás esquece ………….outro deserto :
não cai uma gota de chuva desde que você levou minhas nuvens em sua bolsa peruana
a brisa sopra o que sou, fecho as janelas e os vidros batem a fim de serem quebrados
guardo um dos cacos pra ver em mim a tua imagem
vozes ao longe
: não estou
cada estrela tem a duração do querosene.

- Marcos Nascimento
(retirado daqui)

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