sexta-feira, junho 02, 2017

Os literatos


Prostituem tudo
com o seu ânimo gasto em circunlóquios.
Explicam tudo. Monologam
como máquinas cheias de azeite.
Mancham tudo com a sua baba metafísica.

Eu gostava de os ver nos mares do sul
uma noite de vento a sério, com a cabeça
esvaziada pelo frio, cheirando
a solidão do mundo,
sem lua,
sem explicação possível,
fumando no terror do desamparo.

- Gonzalo Rojas
in Concerto, Antología poética (1935-2003) 

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