domingo, fevereiro 26, 2017

Seo Jeong-ju


Plena Tarde

No campo vermelho de flores — dizem que ao prová-las
morre-se como dormindo — há um trilho

— dorso de serpente bêbada de ópio
estirada tortuosa lânguida —
por onde ela foge, e me chama…

Corro atrás, entre as duas mãos corre das pernas
sangue que chama em forte aroma

Na tarde escaldante parada como a noite,
nós dois inteiros em brasa…

§

O leproso

Pelo rancor ao sol e à cor do céu
o leproso

Ao luar sobre o campo de cevada
comia um bebê e

Chorava noite inteira um choro tão vermelho-flor

§

Junto ao crisântemo

Terá sido para abrir este crisântemo
que o cuco chorou tanto
desde a primavera…

E terá sido para abrir este crisântemo
que o trovão chorou tanto
dentro das nuvens negras…

Flor, pareces a minha amada irmã
de volta agora diante do espelho,
após a longa juventude de longínquas sendas
de peito aflito de saudade e anseio

Terá sido para as tuas douradas pétalas se abrirem
que na noite passada a geada gelou tão fria
e eu não pude nem pegar no sono…

§

Flores de algodoeira

Mana,
é… comovente

Estas flores, brancas e vermelhas, úmidas e mansamente curvadas
dentro deste azul que se acumula como água de um poço,
foi você mana,
foi você quem as floresceu, não foi?

Este azul de outono — ecoaria num toque de dedo
e até as rochas se esfarelariam todas…

Não foi você, que atravessou aquela dormente primavera
Não foi você, que atravessou aquele imenso verão,
e curvando-se de cima a baixo por essa ladeira de plântagos
fez que florescessem, não foi?


(tradução de Yun Jung Im)
poemas retirados daqui 

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