quarta-feira, dezembro 28, 2016


Não ser amado, meu Deus!
Que felicidade a de ser-se um infeliz!
Caminhar debaixo de uma nuvem até casa
com o rosto corado e ausente.

Que tortura o paraíso
de ficar sentado com o lábio mordido,
morrer dez vezes por dia
e falar consigo mesmo.

Que vida, acabar louco
e como uma sombra andar pelo apartamento!
A alegria de esperar uma carta
durante meses, e esta não chegar.

Quem disse que o mundo se ajoelha aos nossos pés,
lavado em lágrimas e disponível?
É indiferente e cruel,
verdadeiramente encantador.

Que farei da minha dor?
Dormir. Que a noite me cubra a cabeça.
Se não estivesse feliz com ele,
deixaria de amá-lo.

- Aleksander Kushner 
(versão a partir de tradução de Natalia Litvinova)

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