quarta-feira, novembro 16, 2016

Antropomorfismo


Sabia que os deuses (quais e quem,
no nome próprio que significa ninguém),
sabia que os deuses, repetiu,
fariam sua a forma que via no espelho.
Sabia que o mundo (como e onde,
no nome de quem sobrevive a ninguém),
sabia que o mundo, repetiu,
só era visível segundo os seus olhos.
Aceitaria a forma que eles lhe dessem.
Carne antes de poder ser corpo,
órgão antes de saber ser mulher,
causa, fim, função.
Saberia falhar quando todos falhassem,
ver-se-ia cair quando todos caíssem.
Rejeitava a regra, mas não seria excepção.

- Madalena de Castro Campos

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