quinta-feira, julho 14, 2016


Um rato comprou um gato de ar egípcio, ancestral, perigoso, um pêlo fino que fazia confusões à luz e dava ciúmes à noite, mesmo se vinha com a lua cheia brilhando a tiracolo, ele, o herói da valeta, subiu a altura toda da vida só para se mirar de volta no máximo da vertigem, ascendeu pelas traseiras, escalando a mirífica montanha de merda, e um dia pôs o gato à janela, entre gárgula e franco-atirador, vigiando as traseiras, nada lhe escapando, mais nenhum rato subiu a mesma montanha, e a chiadeira lá em baixo causava àquela alma roedora um tal enlevo, só suportava a fineza da sua infinita colecção de música clássica com o marulho da miséria por trás.

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