sábado, maio 28, 2016



Coitado do poeta, habituado demais aos gatos, contava talvez ir para um céu cheio deles, à sua medida, fazer lá casa, só não contou que houvesse surpresas tão estúpidas como a morte. Meteu-se-lhe no colo uma neta postiça e oportunista, quando morreu deu com ela montada no caixão, a impedi-lo de ascender pelo fio de miados que o chamavam ou de descer aos bichos e limpar-se dos restos piores da vida, teve de ficar de múmia na boca da neta que queria muito falar alto ao pé de muita gente. Começava as frases sempre com o: "Como dizia o meu avô..." e lá ia ela ladrando as coisinhas que lhe convinham na sua vida de apresentadeira.

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