sábado, novembro 14, 2015

Aparentemente,


(ao Fialho, minha besta de estimação)

o pior acto de terror nem de pausa serve às bestas do costume, as feirantes, as que do ódio fazem uma trivialidade, e do que quer que aconteça outro impulso, para servir sempre a merda que sentem e são, neste sentido ou naquele, em conflito, em perpétuo estado de acusação, como um vento mexeriqueiro, nauseabundo, cercando, dando voltas à casa gemebundo, à procura da menor fissura por onde se infiltrar e vir lamber o desgosto que se refugia, o pior será sempre o mal, a morte tomando o seu lugar na vida, mas os sismos desse abalo são as bestas cheiíssimas de razão do dia seguinte, esta merda de gente doida por se fazer inimigos, no bairro, no escritório, na carteira ao lado, no blogue de merda, nem se dão pausa, qual minuto de silêncio, a primeira aberta e zás, sempre a tomar balanço, a puxar o braço atrás, e agora quem vai ser, segurem-me que eu vou-me a eles, eles, eles, esse eco ridículo, eternos-homens-bomba, os ataques suicidas mais arrastados da história que nos molesta, não acabam de explodir, e tudo à sua passagem são danos colaterais, lá vêm os justiceirecos e as suas sentenças de troca-tintas, a moralzinha cegarrega, gente que é a caixa de ressonância da beatice parola e furibunda das multidões, génios da pequena infâmia, a atirar fora a vida, fora de todo o contexto, a desperceber, mal-entender, no seu fabrico artesanal de nojo, especialidade familiar, a enxertar as suas mil causas de merda em qualquer tragédia, a mesquinha sanguinolência, lá vêm estes sabujos da mortezinha, vidas-vermes, traças no armário de qualquer inspiração séria, qualquer estudo doloroso do mundo, sempre, sempre aqui, à volta, a correr para virem à frente, com aquela pedra que escorraçou sempre quem inquietava a cidade e a sua razão esmagadora, de que estais afinal tão orgulhosos?, que horror é este em que não dá para ver que o mal é todo da mesma natureza, e que desde sempre se sofreu e morreu dos dois ou mais lados de uma guerra, nada como uma tragédia para fazer subir à cena quem anda pelos dias com os bolsos cheios, os que vêm pesados, a arrastar, quase a afogarem-se para não perder a chance de atirar a primeira (ou pelo menos alguma, a última) pedra

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