sábado, julho 18, 2015

Vivo e mortal


Sei que há estrelas, luminosos mares
de fogo, inabitados paraísos,
cadeias de planetas, céus limpos,
montanhas que se erguem como altares.

Sei que o mundo, a Terra que piso,
tem vida, a mesma que me faz.
Mas sei que se morre se se nasce,
e nasce-se, por quê?, por quem, quem o quis?

Ninguém quis nascer. Nem quer ninguém
morrer. Por quê matar o que prefere
viver? Por quê nascer o que se ignora?

Só está o homem. O mundo, imenso, roda.
Sobre o seu eixo virgem, suspira
o que, vivo e mortal, o homem chora.

- Blas de Otero
in Ancia

Sem comentários: