Há tanto silêncio à volta que pareço ouvir
como os raios da lua esbarram nos vidros.
No peito
uma voz estranha despertou
e uma canção canta em mim longínquas lembranças.
Diz-se que os antepassados mortos antes de tempo,
com sangue ainda jovem nas veias,
com paixões intensas no sangue,
com sol ardendo nas paixões
retornam,
retornam para continuar
em nós
a vida não vivida.
Há tanto silêncio à volta que pareço ouvir
como os raios da lua esbarram nos vidros.
Ó, quem sabe, alma, em que peito cantarás
também tu mais além dos tempos
– nas doces cordas do silêncio,
em harpas de treva – a nostalgia afogada
e a frágil alegria de viver? Quem sabe? Quem sabe?
- Lucian Blaga
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