"O coração pesa; e, é o pior,
pode fazer sentir o seu peso,
que equivale ao universo inteiro,
como se nele pesasse a vida de alguém
que, na vida,
não pôde já vivê-la"
— escreveu a Zambrano, expondo uma aresta
na sombra que não cicatrizava
e por onde errava um novelo
de sangue,
no encalço
de uma luz mais antiga.
O coração pesa enquanto s'entranha
no peito oco que caça,
nas aspas de mim,
o ímpeto do som —
o mesmo que inabarcável, infinito,
nele dita
o maravilhoso estrago
do amor ao passar.
E amanhã cantaremos, ah
sim, ciciaremos juntos...
sob a batida
do coração
que escorre a vida que foi merecida.
- António Cabrita
in Voo Rasante, Mariposa Azual
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