segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Sozinho


Crepúsculo, e o olival a arder
ao longe na colina. Descemos
às sombras precipitadas
do trigo-de-perdiz, e o ar

acentua-se como fumo.
Tu vinhas atrás de mim, mas quando me virei
foi para as brigas dos corvos
e para a erva alta, levantada pelo vento,

e para as gordas extremidades dos cereais
que sob um céu negro se transformavam em água.
Por todo o lado, à minha volta, as mil
pequenas recusas do dia

erguiam-se como insectos para o lume
de uma antiga verdade, alguém sozinho
a percorrer um carreiro irregular de pedras
rumo ao fundo rio sem estrelas.

- Philip Levine
(tradução de Vasco Gato)

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