terça-feira, março 11, 2014

Amanhã, às 18h30, na Culturgest

 
COM RESPEITO ÀS PALAVRAS 
 

Esta conversa/debate parte de um texto da escritora Hélia Correia (publicado no suplemento “Ípsilon” do jornal Público, em 17/1/2014), intitulado “Com respeito às palavras”. Nesse texto reflectia-se sobre o modo como a linguagem do poder político e económico com que estamos confrontados corresponde a uma “fraseologia” que corrompe e atrofia o pensamento e nos expropria da linguagem. A necessidade de proceder a uma crítica deste processo de expropriação tornou-se urgente e nenhum comentário político, tal como ele é hoje geralmente praticado, consegue ter uma dimensão crítica se dele desaparecer a consciência de que há uma responsabilidade fundamental do homem em relação à linguagem e se ignorar que estamos mergulhados em algo que faz lembrar a “novilíngua” imaginada por Orwell. A propósito dela, já alguns cientistas sociais falaram de um “novo fascismo”, diferente dos fascismos históricos: trata-se de um “fascismo democrático”, que não vem de cima, não precisa de um guia ou de um chefe, mas é produzido no próprio tecido das interações sociais e tem como um dos seus principais instrumentos precisamente essa linguagem corrompida. Esta linguagem de uma nova teologia económica e política impõe modos de pensamento, estereótipos, formas estandardizadas. E tem um efeito de anestesia de todo o discurso crítico.

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