quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Little poor rich girl (1965)


Edie Sedgwick atravessou o hall do Chelsea Hotel   
e nua correu para o parque (frio)
apenas com um manto de peles
e sem precisar do conforto dos sorrisos.
É preciso ter (e perder) muito 
para assim se agarrar à pele,
beber vodkas como quem incendeia o destino
e para trás deitar cápsulas e cálices de noite e angústia.
Será publicável este segredo?
E restituível a poesia?
Uma mulher fez de fera a sua pele
e já não precisa de a tirar
quando tem de sair para ir a qualquer sítio.
Talvez a rapariga que sai do carro
saiba muito mais do que há para saber
(viver?) sobre tudo isto.
Mistérios da pele, coisas pequenas –
quando das páginas da Vogue
de súbito explode (implode?) o (im)possível.   

- Fernando Guerreiro
  

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