segunda-feira, dezembro 09, 2013

Cemitério de Lisboa


Vivo de vida perdida
Amália

Neste bar, há tanto tempo
– sorrio, ao passar na rua.
Mais à frente, sob o vidro

de ataúde de outra montra,
absorve réstea de sol
esse livro com versos

que por amor padeci.
Pouco distante da fonte
de ninguém na praça ao fundo,

pressinto um outro jardim:
assim murmúrio na brisa
– de todo o prazer defunto.

- José António Almeida
in Arco da Porta do Mar, & etc

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