quinta-feira, novembro 14, 2013

Rui Baião


(...)
De boca na boca o heróico
Susto quase hífen dentro
De dois torsos quando à
Falta de idade e inocência se
Fazem longínquas redondezas
Um excesso simples nada oceânico
Ateado por dois desconhecidos
Pudesse eu ser sem ti
Inclusivo quão tarde é bom
Respirar escavando a eclosão
Reavendo certos motins pouco
Comuns à orla do efémero destino




Da dor que mordo espero
O mordido arpão
Envenenado de tanta pressa
Como romance que já não
É o que fora dantes
Das insólitas moradas
Nada dadas a velhas marcas
Crente fogo traçara
Eu feito em redor
Da estaca a prumo a elipse
Que ao vulto doara
Esboço réstea d'estórias
Autorizadas a levitar por aí




Decorar a mentira
É não mentir
Mentindo é nada
Fazer fazendo
Ao abismo uma vénia
(...)




Não sei se ainda
Me lembro como se
Fosse amanhã ou depois
Barulheira silenciosa ou
Ontem aquela mulher
De olhar verdíssimo
A querer resgatar à luz
A baba do mar o aço
Prisioneiro doce da idade
Da infância incendiada




Olho a circular
Idade dos passos por perto
O vai-e-vem onde se diz crisálida
No que ganho ou vou perdendo
Tanto faz o transtornado nada
Em situados dias que me
Sucedem aos anos mal bem
Me quero por bem fazer
Mal haver




Nada na mão nada na manga
Tudo pela ilusão de um anjo
Num truque em fundo branco
Nada recuses ao leito mais lento
Ao curso mais vasto quando lume
(...)




Voltemos um pouco atrás
Surpreende-me a precisão
Com que adivinhas
Os desastres do paraíso
O quando e o quanto
Ao escrever não posso
Ou não deva vens
Haurir o distúrbio
Ao grande livro dos reversos
Que não darei a ler

Qui ne voit pas la Mort en rose est affecté d'un
daltonisme du couer

Cioran

in Doze instantes ameaçadores..., Separata fora de mercado

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