sábado, novembro 16, 2013

Final do labirinto


O distanciamento de uma música a meio da tormenta não tem mais sentido que estas palavras irreconhecíveis que um náufrago pronuncia como suas, ainda ignorando a quem ou a quantos pertencem. Estéreis esboços para uma teoria da ressurreição.
O centro é a unidade, mas também o ponto de partida para uma infinita multiplicação de círculos concêntricos. Solidão que se expande como a dureza opaca de um seixo sobre a superfície do mar.
Somos o branco propício aos dardos do desespero. Somos o muro e o espaço onde o muro surgiu. O cárcere e a sua impossibilidade. E se, finalmente, segregamos dor e morte é porque morrer acaba por ser o único resíduo possível para uma chama solitária.
Romper o frágil e as suas espirais. A liberdade de conhecer os limites: já não o centro, nem o círculo, mas a realidade, agora inevitável.

- Jenaro Talens
in Avanti (Poetas españoles de entresiglos XX-XXI), Olifante

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