Pensando em ti, assobio ombra mai fù.
Assim segue o sangue em seu curso
e a noite rodeia-me, faz rodopiar
a memória e as suas imagens – azuis,
de longuíssimas sombras de asas
sobre a terra – na mente
com que te convoco
dia a dia,
sonho a sonho,
treva a treva.
Tu serás o fantasma
no interior dessa volátil máquina
a que chamam pensamento,
quando a ternura
é a metástase que se espalha
na sua fria superfície de cristal,
e da alegria conheço este vigilante
momento em que simplesmente
assobio uma ária
antiga.
- Luís Quintais
in Canto Onde, Cotovia
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