as horas levantam-se despindo-se de estrelas e é
o amanhecer
na rua do firmamento a luz caminha espalhando poemas
sobre a terra uma vela é
apagada a cidade
desperta
com uma canção sobre a
boca tendo a morte nos olhos
e é o amanhecer
o mundo
sai para assassinar sonhos...
vejo a rua onde vigorosos
homens se alimentam de pão
e vejo os brutais rostos de
pessoas contentes hediondas desalentadas cruéis felizes
e é dia,
no espelho
vejo um frágil
homem
sonhando
sonhos
sonhos no espelho
e é
o anoitecer sobre a terra
uma vela é acesa
e está escuro.
as pessoas estão em casa
o frágil homem está na cama
a cidade
dorme com a morte sobre a boca tendo uma canção nos olhos
as horas descem,
vestindo-se de estrelas....
na rua do firmamento a noite caminha espalhando poemas
- e.e. cummings
(tradução Cecília Rego Pinheiro)
in livrodepoemas, Assírio & Alvim
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