deixei a porta entreaberta
sou um animal que não se resigna a morrer
a eternidade é a obscura dobradiça que provê
um pequeno ruído na noite da carne
sou a ilha que avança sustentada pela morte
ou uma cidade ferozmente cercada pela vida
ou possivelmente não sou nada
apenas a insónia e a brilhante indiferença dos astros
ermo destino
inexorável o sol dos vivos se levanta
reconheço essa porta
não há outra
gelo primaveril
e um espinho de sangue
no olho da rosa.
- Blanca Varela
(tradução de José Eduardo Simões)
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