sábado, agosto 17, 2013


Sou uma cama que não faz ruídos uma cama à uma
da manhã e às quatro da manhã
uma cama sempre de olhos abertos
esperando o meu fim do mundo particular.

Sou a cama negra de Malévich sou a cama paciente
que desliza pelo crepúsculo a cama coxa
dos miúdos sempre com os olhos abertos.

Sou uma cama que se sonha piano uma cama sujeita
à poesia dos pulmões uma cama voraz
comedora de cortinas e tapetes
esperando o meu fim do mundo particular.


- Roberto Bolaño
in La Universidad Desconocida, Anagrama

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