As sombras caem também com os besouros.
O som distante de um farol indica uma
ameaça que vem rasteira de encontro aos
contentores. Há corpos que se levantam
perante o sol enquanto alguém com uma
bandeira atravessa o fundo do rio.
Quando as aves descobrem os esgotos
assiste-se a um último repasto. É o combate
dos peixes, uma visão intercalar entre a luz
e o medo. É aí que tudo se joga, a loucura
e o brilho dos olhos. Uma serpente tomba de
um mastro e corrói os passeios. Uma mulher
despedaça os cabelos contra uma estátua.
É o vírus febril que se apodera dos homens,
um ácido que desenha a cidade de um modo
inexplicável. Até à morte.
in Base: Revista de Criação Literária (Número 01: Erros, 2005)
retirado daqui
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