sexta-feira, junho 14, 2013

Sobre o tempo


O Tempo? Uma ampulheta que se perde em si própria.
Um mar tumultuoso cujas vagas se empurram
umas por sobre as outras, tal e qual como as horas...
Ou um olhar que nasce num túmulo e que morre
tão-só por ter nascido... Melhor dizendo: um sopro
que se esvai num suspiro... Por uma estrada, um coche
que por montes e vales, de espinhos e de rosas,
noite e dia nos leva no encalço da Morte.

Porque o Tempo nos rapta com suas asas rápidas.
De repente se esquecem as coroas de flores
que tece a juventude... Já maduros os frutos
exigem ser colhidos com caroços e tudo.
Nas têmporas nos surgem cabelos cor de cinza:
são agora a coroa que assinala a velhice.
Assim nos vai o Tempo dia a dia expulsando,
sem nós sabermos como, sem nós sabermos quando.

- Carl Johan Lohman
(tradução de David Mourão-Ferreira)
in Vozes da Poesia Europeia II, Colóquio Letras

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